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5 razões que tornam a programação difícil em Angola


Sendo uma das áreas de trabalho que mais cresceu nos últimos 40 anos da história da humanidade, a ciência da computação e em especial a programação e suas áreas afins têm atraído muita mão de obra pelo mundo todo e em especial Angola nos últimos 10 anos.

Embora exista muita demanda por serviços de programação, o seu crescimento ainda está comprometido pela escassez de profissionais qualificados nos mercados. A falta de profissionais qualificados deriva da, aparente, dificuldade que existe em se formar quadros capacitados. Muitas vezes estou em debates, aulas, palestras, etc; e várias vezes surge a seguinte pergunta:
Por que motivo é tão difícil aprender a programar?

Sempre que me é dada a palavra procuro contextualizar o assunto e faço questão de colar a pergunta a realidade angolana. Elegi 5 dos principais motivos que tornam aprender a programar numa tarefa extremamente desafiante.






 Qualidade dos professores e planos curriculares
Sendo eu próprio um professor pode parecer estranho eleger esse como um dos principais motivos, mas acreditem que é.
Os professores costumam ser os primeiros guias/mentores de vários profissionais nas mais diferentes áreas, na computação não é diferente. A programação muda quase que a velocidade da luz, se há 7 anos atrás ferramentas como Jquery, ember ou ainda angularjs eram as tendências, hoje em dia o seu suporte começa a ser descontinuado, e vamos ser sinceros que em Angola os professores nem nesse nível ainda estão, o que se aprende na escola é JPanel, Windows Forms e etc. Os planos curriculares dos cursos de engenharia informática têm 15 anos de idade  e embora tenham utilidade académica, no que diz respeito ao lado profissional estão muito desajustados do mercado.

Excesso de conceitos e ferramentas dentro da área e ausência de material didáctico
 Poucas áreas da ciência possuem tantos níveis de abstracção como a ciência da computação/programação. Desde os conceitos matemáticos, passando pela física, electricidade, electrotécnica, sistemas lógicos, linguagens de programação, arquitectura de software, padrões de design, etc; muito precisa ser devidamente percebido e dominado. Essa panóplia de ferramentas e conceitos torna-se mais difícil de se obter em Angola porque escasseiam laboratórios e livros em quantidade suficiente nos centros disponibilizados para investigação (mediaticas, bibliotecas, etc). A qualidade da internet em Angola para a grande maioria da população.

Falta de empresas de referência 
Embora exista um crescimento visível do sector, o país não possui empresas de referência devidamente afirmadas nessa área especifica.
É necessário que se perceba que empresas de referência facilitam o surgimento de profissionais de referência. Surgem algumas iniciativas como a Digital Factory, DisruptionLab, Nexus, etc; mas que acabam por ser insuficientes para as necessidades do mercado.

Comunidades
Em várias partes do mundo, as comunidades facilitam o crescimento dos profissionais. Muita gente entra com conhecimentos muito básicos e vai conseguindo melhorar os seus skills com ajuda de membros da comunidade, em Angola existem algumas comunidades que se vão destacando tais como, GDG Angola, Wordpress Angola Chapter, etc, ainda assim bastante insignificante para a transmissão e partilha de conhecimento que se precisa.

Oportunidades
Em todas áreas as oportunidades/desafios facilitam o crescimento dos profissionais. Se durante a fase de formação e estagio os alunos/profissionais de IT não tiverem contacto com projectos mais complexos, perdem logo margem de aperfeiçoar o que aprenderam.



Embora o título do artigo seja focado nos desafios, as nossas mentes devem a partir de agora trabalhar nas soluções de cada um desses temas.

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